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Newsletter Abes

um ponto de encontro de semioticistas de diferentes vertentes

2024

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nesta edição: uma cobertura fotográfica do VI Congresso Internacional da ABES, lançamento de artigos, livros e revistas, convocações para publicações e uma nota semiótica escrita por José Américo Bezerra Saraiva. Boa leitura!

VI Congresso Internacional da ABES: presente!

A sexta edição do Congresso Internacional da ABES aconteceu entre 1 e 4 de julho de 2025 na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Fiel à sua missão desde a fundação - fomentar a pesquisa semiótica no Brasil e reunir pesquisadores que atuam em diferentes campos do saber - o congresso reuniu mais de 500 pessoas em torno do tema Presenças. Foram 38 simpósios, com a apresentação de quase 400 trabalhos, 17 posteres de estudantes de graduação e 30 conferencistas brasileiros e estrangeiros.

 

Registrou-se a presença marcante de grupos de pesquisa representando todas as regiões do Brasil e de países com os quais a Semiótica brasileira tem uma longa trajetória de colaboração, como Angola, Argentina, Bélgica, França, Itália, México e Uruguai. Presidentes de algumas das mais prestigiosas associações internacionais de Semiótica, como a Federação Latino-americana de Semiótica (FELS), a Associação Internacional de Semiótica Visual (IAVS), a Associação Internacional de Estudos Semióticos (IASS), a Federação Romana de Semiótica (FEDROS) e o Grupo de Estudos Linguísticos do Estado de São Paulo (GEL) estiveram presentes. O evento também refletiu a capilaridade da Semiótica em áreas como Antropologia, Arquitetura, Ciências Cognitivas, Ciências da Computação, Comunicação e Artes, Educação, Letras e Linguística.

 

O tema Presenças convidou os(as) semioticistas a refletir sobre a necessidade de a área se posicionar no debate público contemporâneo em um mundo, nas palavras da presidente da ABES, Renata Mancini, "à beira do que parece ser um ponto de inflexão, uma virada brusca". O congresso teve como diretriz norteadora a ideia de que presença da semiótica no seio da vida social é fundamental para assegurar o domínio de ferramentas que possibilitem reconhecer as relações de força e poder envolvidas nas dinâmicas de produção de sentido. Procurou, assim, dar espaço para a interface da Semiótica com a sociedade, promovendo debates entre pesquisadores(as), profissionais do mercado, representantes de grupos sociais e artistas.


Ainda entusiasmados com a realização deste congresso grandioso e dos efeitos produzidos pelas trocas in presentia, apresentamos, nesta edição da newsletter, uma cobertura fotográfica do evento, deixando desde já o convite para o próximo congresso da ABES, previsto para acontecer em 2027, em Belo Horizonte (MG).

cobertura fotográfica do VI Congresso da ABES

por Rebecca Iyama e Renato Albuquerque de Oliveira

Confira mais fotos do Congresso aqui.

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no prelo e na praça

confira os lançamentos recentes de semioticistas do brasil

Au risque du sens

Au risque du sens

O quarto volume da série “Essais de Socio-sémiotique” de Eric Landowski acaba de ser publicado, em francês, pela editora brasileira Estação das Letras e Cores, na Coleção Acta Semiotica dirigida por Ana Claudia de Oliveira. “Podemos conceber uma prática teórica que permita defender regimes de sentido e de interação alternativos em relação aos esquemas sociopoliticamente dominantes ou semioticamente canônicos?”, questiona o autor. Para ele, “a semiótica só se justifica como instrumento crítico e como poder de libertação”. O livro está disponível em versão impressa e em Epub, aqui.

Traduções intersemióticas da literatura inglesa: filmes de época e adaptações contemporane

Traduções intersemióticas da literatura inglesa: filmes de época e adaptações contemporaneizadas

Publicado pela Editora Timo, com apoio da CAPES e do PPGELLI-USP, o livro Traduções intersemióticas da literatura inglesa: filmes de época e adaptações contemporaneizadas, de Taís de Oliveira, é resultado da pesquisa de doutorado da autora. O principal objetivo da obra é “analisar comparativamente traduções fílmicas de romances canônicos ingleses, cotejando as adaptações com as obras que as originaram, identificando em cada um dos tipos de tradução intersemiótica (filmes de época e filmes que transportam as histórias para a atualidade) os elementos – principalmente aqueles atinentes à axiologia e à construção das personagens – que foram e que não foram modificados, pretendendo, com isso, verificar a hipótese de que haveria um padrão para cada um dos tipos de adaptação; a ‘de época’ e a ‘contemporaneizada’” (da autora). Tendo como aparato teórico a Semiótica Discursiva (chamada semiótica francesa ou greimasiana), a autora analisa como os sentidos veiculados pela linguagem verbal escrita, no caso dos romances, passa a ser veiculado pela linguagem fílmica, uma linguagem sincrética que inclui linguagem verbal oral e escrita (como no caso das legendas), linguagem visual em movimento, efeitos sonoros e trilha sonora. O livro está disponível em versão digital; para acessá-lo, clique aqui.

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Revista de Estudos da Linguagem

A Revista de Estudos da Linguagem é um periódico trimestral, mantido pela Faculdade de Letras e pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos da Universidade Federal de Minas Gerais desde 1992. Sua edição mais recente foi publicada em 18/06/2025. O novo número conta com 10 artigos de diferentes temáticas e está acessível em versão digital aqui.

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Acta Semiótica et Lingvistica

A mais recente edição da revista, publicada em julho, tem como o tema “Do signo verbal à imagem digital: relações intersemióticas e discursivas nas redes”. O dossiê, organizado por Marco Antonio Almeida Ruiz (UFG), Lígia Mara Boin Menossi de Araújo (UFSCar) e Edna Silva Faria (UFG), reúne um conjunto de trabalhos que buscam como ponto de discussão a relação da língua com a sociedade, em especial o embate  teórico-metodológico travado  entre  essas  duas  instâncias – norma gramatical versus a língua em uso por meio de uma perspectiva multimodal e sincrética. Acesso a revista aqui.

Casa

Cadernos de Semiótica Aplicada (CASA)A primeira edição da revista CASA sob responsabilidade das novas editoras Flavia Karla Ribeiro Santos e Julia Lourenço Costa, publicada no início de julho, apresenta cinco artigos com proposições teórico-metodológicas e objetos múltiplos, embora se observe um traço comum em boa parte dos textos examinados: um especial interesse pela violência (de gênero e racial) nos discursos que veiculam. Acesse a revista aqui.

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Signos do Consumo

A última edição da revista foi publicada no final de junho e tem como título “Os signos do consumo: reinventando realidades”. De acordo com os editores Clotilde Perez e Eneus Trindade, o volume parte da perspectiva segundo a qual a  mediação sígnica é a condição linguageira de construção de realidades socioculturais, permitindo acessar as significações e os direcionamentos de sentidos, trazendo reflexões e vivências teórico-metodológicas proveitosas à compreensão dos fenômenos atuais da realidade vivida e sentida. A edição contém  oito artigos e duas resenhas de pesquisadores dos estados do Pará, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Ceará, São Paulo e Rio Grande do Sul. Acesse a revista aqui.

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Galáxia - Revista Interdisciplinar de Comunicação e Cultura

Foi publicada no final de junho uma nova edição da revista, que trata de temas como processamento de linguagem natural e jornalismo, música clássica e voz no cinema, nomadismo educacional, o acaso absoluto peirciano e a emergência, entre outros. Acesse a revista aqui.

outros lançamentos do ano

mais livros de Semiótica lançados no Brasil e no exterior

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O Sentido e o Sensível nas Narrativas Fotográficas

O livro de Daniela Nery Bracchi (UFPE) apresenta estudos realizados ao longo de uma trajetória acadêmica em busca de pistas para compreender as narrativas fotográficas, entendidas sob o viés metodológico da semiótica da fotografia. A obra contribui para a formação de estudantes tanto de graduação quanto de pós-graduação que se interessem pela análise de fotografias. Disponível para download aqui.

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La Postmémoire à l’oeuvre

O livro de Verónica Estay Stange, professora na Université Paris Cité, questiona: “Os traumas coletivos, vividos individualmente pelas vítimas, são transmitidos aos seus descendentes? Os filhos de torturados conservam alguma marca da tortura? E, se sim, o que fazem com ela?”. O termo “pós-memória”, proposto por Marianne Hirsch (Columbia University), designa esse fenômeno. Desenvolve-se uma teoria geral a seu respeito, examinando a pós-memória em ação, e sobretudo explorando a maneira como ela produz obra. O trabalho da pós-memória no seio da criação artística é o objeto deste livro. A análise de cerca de uma centena de obras literárias e produções artísticas relacionadas às ditaduras na América do Sul (Argentina, Chile) e em outras regiões geopolíticas permite delinear seu modelo no campo da estética contemporânea. A pesquisa está ancorada em uma experiência vivida: a de uma filha de sobreviventes da ditadura chilena e sobrinha de um responsável por crimes contra a humanidade. Disponível para compra internacional aqui.

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Transmissions et acte: hommage à Jacques Fontanille

“Fazer do conceito uma prática e, inversamente, de uma prática um conceito: tal é o caso das múltiplas vias da transmissão que Jacques Fontanille colocou em ação ao longo de toda a sua carreira como pesquisador e professor. A pesquisa e o ensino, precisamente: dois caminhos intimamente ligados e ainda mais articulados desde a institucionalização oficial da pesquisa semiótica em Limoges - e, de forma mais ampla, na França - com a fundação do CeReS (Centro de Pesquisas Semióticas) em 2000, o que possibilitou a formação de várias gerações de semioticistas, tanto da França quanto do exterior. Na França, na Colômbia, no Brasil, no Irã e em tantos outros países, essa dupla via continua a se transmitir por meio do desenvolvimento das diferentes vozes da semiótica “fontanilliana”: as do corpo, das práticas, das formas de vida, da antroposemiótica... Os textos reunidos na obra desejam, antes de tudo, prestar homenagem — pela voz de seus alunos e alunas, de todas as idades e origens — à transmissão vertical que Jacques Fontanille promoveu como professor. Mas testemunham também — e sobretudo — a vitalidade e as aberturas de uma transmissão horizontal da pesquisa semiótica, em busca de novos caminhos a partir de um fundamento e de um exemplo comum: um saber-fazer que faz saber — e isso nas duas acepções da fórmula”.

chamadas para publicações e eventos

revistas e eventos de semiótica e campos afins com convocações em aberto

Casa

Cadernos de Semiótica Aplicada (CASA)

A revista Cadernos de Semiótica Aplicada (CASA) recebe trabalhos para o dossiê Vozes do Antropoceno, organizado por Carlo Andrea Tassinari (UniBo/Unesp) e Jean Cristtus Portela (Unesp/CNPq), até o dia 15/08/2025. O dossiê será publicado no v. 18, n. 2, dez. 2025. Concomitantemente, continuará recebendo, em fluxo contínuo, contribuições para a seção Varia. Para mais informações, acesse aqui.

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Topicos_seminario

Tópicos del Seminario

Está aberta uma nova chamada para publicação na revista Tópicos del Seminário sobre o tema Figuratividade e Expressão do Sensível. Este dossiê é coordenado por Denis Bertrand. O prazo final para submissões é 29/10/2025. Para mais informações, acesse aqui.

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Estudos Semióticos

A revista Estudos Semióticos está com duas chamadas abertas para suas edições de 2026. A primeira, para o volume 22, número 1, recebe artigos em fluxo contínuo até o 30/09/2025. Trata-se de uma edição não temática, voltada a contribuições inéditas nas diversas vertentes da pesquisa semiótica, com publicação prevista para abril de 2026. Já o volume 22, número 2, organizado por Maria Glushkova (Universidade Queen Mary de Londres), Alan Silus (UFMS) e Ekaterina Vólkova Américo (UFF), é dedicado ao dossiê temático Escola Semiótica de Tartu-Moscou e reunirá estudos sobre o legado teórico e metodológico da escola fundada por Iúri Lotman. As propostas de artigo (uma página) devem ser enviadas até 31/07/2025 para o e-mail ekaterinamerico@gmail.com. A publicação está prevista para agosto de 2026, em formato online. Para mais informações, acesse aqui.​​

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Entrepalavras

A Entrepalavras - Revista de Linguística, vinculada ao Departamento de Letras Vernáculas da Universidade Federal do Ceará, convida pesquisadores a submeterem trabalhos para a seção temática de seu volume 2025, dedicada ao tema Funcionalismo e Linguística de Texto: interfaces e diálogos. Organizado pelos professores Dennis Castanheira (UFF) e Sávio André de Souza Cavalcante (UECE), o dossiê busca reunir contribuições que explorem as articulações entre diferentes vertentes do Funcionalismo — como a Gramática Discursivo-Funcional, a Linguística Sistêmico-Funcional e a Linguística Funcional Centrada no Uso — e os estudos do texto como prática sociocognitiva e interacional. São esperados artigos de natureza descritivo-analítica ou pedagógica que investiguem fenômenos linguísticos em uso, com atenção ao papel das estruturas na construção textual e aos contextos em que se realizam. As submissões podem ser feitas até 30/07/2025. Para mais informações, acesse aqui.​​

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Acta Semiotica et Lingvistica

A Revista Acta Semiotica et Lingvistica está com chamada aberta para o dossiê Semiótica, literatura e objetos-suportes: reflexões teóricas, análises e propostas para a prática docente, com publicação prevista para o segundo semestre de 2025. Organizado por Mariana Luz Pessoa de Barros (UFSCar), Eliane Soares de Lima (UFF), Thiago Moreira Correa (UNESP) e Fernando Martins Fiori (UFSCar/UNIP), o número propõe discutir o papel do suporte — entendido como elemento material e formal — na produção de sentido, especialmente em sua relação com o texto literário, as práticas discursivas contemporâneas e os desafios formativos enfrentados no ensino de língua e literatura. São bem-vindos artigos que abordem a hibridização de linguagens, as transformações nos modos de leitura e escrita, e as exigências multimodais colocadas à docência, articulando teoria semiótica, estudos literários e práticas pedagógicas. As submissões podem ser feitas até 30/08/2025. Mais informações, aqui.​​

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Signata

A Revista Signata está com chamada aberta para publicação em seu volume 18, intitulado Échec, réparation, soin: Perspectives sémiotiques et socio-techniques sur la faillibilité et la maintenance du sens, sob a coordenação de Carlo Andrea Tassinari e Juan Alonso Aldama. Esta edição da Signata tem como objetivo repensar o papel da vulnerabilidade na organização semântica e narrativa da experiência, a partir dos objetos de sentido que emergem das tensões ecológicas e políticas contemporâneas. O objetivo principal é explorar a organização do "anti-universo de sentido" que surge como contraponto ao sucesso e à realização, colocando no centro do debate o fracasso, o cuidado e a reparação. As submissões podem ser feitas até 31/10/2025. Mais informações, aqui.

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Rivista Italiana di Filosofia del Linguaggio

A revista recebe, até 15/07/2025, propostas de artigos para a edição "Creativity and Madness" (criatividade e loucura), editada por Claudio Paolucci, Stefano Bartezzaghi, Luigi Lobaccaro e Flavio Valerio Alessi. A edição busca explorar a relação entre criatividade e loucura a partir de uma perspectiva interdisciplinar: da semiótica à filosofia, da psiquiatria à ciência cognitiva, da psicopatologia da expressão aos estudos literários. Os artigos podem ser em inglês ou italiano. Consulte a informação completa neste link.

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Communication & Organisation 

A revista francófona convoca autores a contribuir com artigos para o número 69, "Communication, changements et transitions organisationnelles", editada por Andréa Catellani, Bruno Chaudet e Eloïse Vanderlinden. Abordagens em semiótica, semio-pragmática e socio-semiótica são bem vindas. O número questiona as mudanças organizacionais sob o ângulo de transições do sentido onde a evolução das organizações participa de transições mais globais, sejam ecológicas, digitais, energéticas, gerenciais ou outras. As propostas, em forma de resumo, podem ser enviadas até 12/09/2025 aos e-mails andrea.catellani@uclouvain.bebruno.chaudet@univ-rennes2.fr e eloise.vanderlinden@gmail.com.

aconteceu em junho/julho

o que aconteceu na comunidade semiótica

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Eleita a diretoria da ABES para o biênio 2025-2057

Em Assembleia Geral realizada em 03/07/2025, no âmbito do VI Congresso Internacional da ABES, foi eleita a nova diretoria da associação, formada por Conrado Moreira Mendes (PUC/MG - Presidente), Daniervelin Renata Marques Pereira (UFMG - Vice-presidenta), Pablo Moreno Fernandes Viana (PUC-MG - Secretário-Geral), Matheux Nogueira Schwartzmann (UNESP - Tesoureira), Geane Carvalho Alzamora (UFMG - Conselho Fiscal), Gláucia Muniz Proença Lara (UFMG - Conselho Fiscal) e Luciano Magnoni Tocaia (UFMG - Conselho Fiscal). A chapa eleita apresentou uma carta em que descreve os seus objetivos, compromissos e o currículo detalhado dos diretores eleitos. Leia aqui.

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Raça e gênero na era dos algoritmos: deep learning, metadados e o discurso digital

Aconteceu no dia 11/06/2025 a mesa redonda intitulada Raça e gênero na era dos algoritmos: deep learning, metadados e o discurso digital, organizada pela comissão de semiótica da ABRALIN. Nela, Júlio Araújo (UFC), Letícia Moraes (UFPB) e Matheux Schwartzmann (UNESP) mostraram como estudiosas e estudiosos dos textos e discursos podem contribuir para o desenvolvimento das prementes discussões acerca dos algoritmos e das inteligências artificiais generativas. As intervenções, concentrando-se no funcionamento do viés algorítmico das IAs generativas, destacaram a contribuição das IAs para a reprodução e o reforço de desigualdades e normas sociais racistas e transfóbicas, além de discutirem as problemáticas da suposta neutralidade algorítmica.

nota semiótica

José Américo Saraiva defende a semiotização da dialética como integração crítica das semióticas frente às contradições da cultura.

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POR UMA LÓGICA DA CULTURA DIALETICAMENTE ORIENTADA

por José Américo Bezerra Saraiva

Dando curso aos gestos julgados por Fernando Haddad, em O terceiro excluído, como necessários para enfrentar as complexidades sistemáticas contemporâneas, é que, para além de antropologizar o materialismo histórico e, ato contínuo, dialetizar a antropologia, pensamos ser premente semiotizar a dialética. Antropologizar o materialismo significa reconhecer a ação não raras vezes determinante dos produtos culturais humanos sobre a reprodução material da vida. Dialetizar a antropologia reside em atribuir função destacada para a contradição no processo de produção histórico das culturas humanas. Semiotizar a dialética seria, a nosso ver, não apenas colocar a vida humana sob o domínio ab ovo da linguagem e de seus produtos, mas também buscar os pontos de convergência capazes de reunir as variadas semióticas (peirciana, greimasiana, lotmaniana etc.) num projeto compartilhado pela comunidade dos semioticistas brasileiros, sem escamotear as contradições que parecem tornar as diferentes teorias semióticas inconciliáveis entre si. Dessa forma, a semiótica poderia cumprir a sua vocação de epistemologia discursiva.

 

Na história da semiótica, entendida como área do saber em vias de institucionalização, não é difícil encontrar alguns semioticistas que laboraram nessa direção. Penso que pode nos servir de exemplo o caso do italiano Umberto Eco, por ter ele esboçado, nas décadas de setenta e oitenta, um gesto conciliador das semióticas, gesto que, cremos, pode e deve conhecer retomada e desenvolvimento, evitando-se agora o equívoco do mau ecletismo de então. Em diversas obras vindas a lúmen nesse período, Eco faz aproximarem-se, por exemplo, as semióticas de Hjelmslev, Peirce e Lótman ao pensar a significação como resultante de relações dialético-contraditórias entre sistemas complexamente articulados e processos de produção ilimitada de signos, relações estas que constituiriam o objeto de estudo para uma lógica da cultura.

 

José Américo Bezerra Saraiva é professor da Universidade Federal do Ceará e membro fundador do Grupo de Estudos Semióticos da UFC (Semioce).

 

Para esta edição, José Américo nos prestigiou com esta nota escrita especialmente para a Newsletter da ABES. O espaço está aberto: convidamos vocês a submeter uma nota semiótica para nossas próximas edições.

Paulo

Pedro Fonseca

Pedro Leal Fonseca, bacharel em direito pela UFBA, psicanalista e pesquisador no programa de pós-graduação em semiótica e linguística geral da FFLCH-USP.

Sara

Sara Tavares

Formada em Letras e Direito, foi professora de Ensino Fundamental e Médio no início da sua vida profissional e, nos últimos, atuou como advogada. Recentemente, ingressou no mestrado em Semiótica e Linguística na USP

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Para a edição de agosto/2025, envie suas contribuições até o dia 1/8/2025.

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